Quem sou eu

sou aquela que sabe a dor e a delícia de ser quem eu sou!

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Maio!

Não sei bem por onde começar a escrever... Desde a morte do Fernando, não tenho vontade de escrever. Não tenho vontade de falar com a família Freitas, muito menos com a Miriane. Há uns dias atrás entendi o tamanho da minha covardia e mandei um email. E sabe por que? Porque Deus tem me mantido acordada todo santo dia, mesmo naqueles em que chego literalmente acabada do trabalho. Não consigo dormir antes das 3h ou 4h da manhã.

Pra certas coisas sou covarde e ponto final! Mas minha covardia tem se transformado em egoísmo e isso, sim, isso eu não posso aceitar.

Hoje estava sentada na frente da TV, na sala com a Clodagh, enquanto o Joern dormia no meu quarto. Era mais ou menos hora do almoço e começou a passar um desses programas estilo Oprah. Na chamada inicial, a apresentadora disse que uma das matérias seria sobre um americano que, após a morte de sua esposa, se viu na difícil tarefa de cuidar de sua filha recém-nascida. Eu tinha duas opções: mudar de programa/sair da sala OU assistir (o que sinceramente eu não queria). Na tentativa de ser menos covarde ou consequentemente egoísta, assisti! TU-DO! Quando o programa acabou, voltei pro meu quarto, sentei no banheiro e chorei. Chorei ao lembrar do abraço gostoso do Fernando... Chorei ao pensar no quão difícil está sendo pra Miriane tocar o barco, com duas crianças pequenas, que se lembram perfeitamente do pai e não entendem a sua ausência. Chorei e orei, como tenho orado, não só por ela, mas por tantas outras famílias que enfrentam a mesma situação.

Da história do americano ficaram algumas lições. Ele também tem seu diário virtual, uma espécie de álbum de recordações para que a filha conheça a mãe que ela nunca verá ao vivo (http://www.mattlogelin.com/).

Meu blog é minha válvula de escape (e me perdoe se você hoje descobriu mais um grande defeito meu! Meu blog jamais será um álbum de figurinhas de uma pessoa feliz e perfeita). Mas resolvi fazer dele um cantinho estilo "vale a pena ver de novo". A Clodagh vai me ajudar nisso!

Miriane, me perdoe. Não liguei quando soube da morte do Fernando e ainda vai demorar um bom tempo para conversar sobre isso com você.

Fernando, também queria que Deus te desse um paraquedas... Nossas conversas virtuais eram fantásticas, mesmo quando o que realmente fazíamos era dizer o quanto a Mirys é maravilhosa. Um dia veremos Paris aí do alto, e teremos certeza de que a cidade de "vocês dois" é ainda mais linda vista do céu. Enquanto isso, deixo Beatles tocando no aparelho de som...

2 comentários:

pra você, Miroca disse...

Thaty:
"No one is truly dead, until they are no longer loved."
Obrigada por me amar (apesar de eu já ser uma versão tããão diferente de mim mesma...), por amar meus filhos, por amar meu marido. Obrigada por permitir ser amada (muito amada!) por nós!
Está perdoadíssima!...
Miroca

Claudia disse...

Olá Thaty....abra seu coração as palavras são assim e o seu blog é o seu momento, quando estamos em um país estranho e ainda temos que aprender a lidar com perdas é natural, aprendi que tdo é um processo com a perda de minha mãe, os sentimentos vão e volta até voltar os trilhos do trem novamente com um novo olhar!!

beijso fica com Deus- Claudia/Brazil