Or should be "Recession = Violence"?
Fui trabalhar, sábado passado, e meu chefe (Big Boss) - pausa rápida: agora fui promovida a Deli Girl, huahuahuahau - veio me perguntar se eu tinha ouvido falar do incidente ocorrido, às 15h45 do dia anterior - agora uma pausa pra montar o cenário: gente, era uma sexta-feira normal, antes das quatro da tarde. Ele disse que uma dondoca (sim, tinha que ser uma dondoca pra fazer compras numa boutique ultramegapower cara, que fica ao lado do wine bar, na metade da tarde de uma sexta. Obs.: ele não disse dondoca, eu é que usei o "adjetivo") saiu da loja e entrou na sua BMW 2009 (não falei que era dondoca?!), feliz e contente. Quando ela se deu conta, um adolescente abriu a porta do passageiro, gritou com ela e a mandou sair. Ele foi para o lado do motorista, deu partida e fugiu (feliz e contente - isso foi humor negro, eu sei!).
O pior foi a forma com que meu chefe terminou a história: "Tatiana, it's like living in Rio!!!". Excuse ME!!!! O garoto rouba a dondoca e meu país leva a fama????? De jeito algum!
Quando retruquei, indignada, ele disse que isso era consequência normal (NORMAL?????) da recessão - como se eles realmente soubessem o que é recessão!
Fiquei o final de semana remoendo essa história... Confesso que, me sentindo praticamente uma vaca (ruminando, ruminando), hoje resolvi sentar e escrever - sempre me achei melhor com a escrita =)
Segundo o que dizem os especialistas, essa é a maior recessão dos últimos 25 anos. Tenho 30 e, desde que me entendo por gente (família, AMO VOCÊS), aprendi que: dinheiro não cai do céu (ou não nasce em árvore); dividir algumas vezes é multiplicar (ainda mais com 7 irmãos); a água é cara - assim como a energia (ligar o ferro pra passar uma camiseta??? NUNCA!); a conta de telefone veio muito alta??? Põe cadeado nele - rs; as roupas da minha irmã mais velha (ou da prima) podem e devem ser aproveitadas por mim; TV a cabo, o que é isso???; comer fora é luxo (ou é o cenário perfeito pra grandes comemorações); o prato que estava cheio (porque eu o fiz) deve ficar vazio (porque desperdício é pecado); escola pública pode ser tão boa quanto a particular - depende, principalmente, do esforço de cada um... a lista aqui só tende a aumentar!
Venho de um país com 197 milhões de habitantes pra morar numa vila com 10 mil. Só na favela da Rocinha, meu querido chefe, são 120 mil! Copacabana então... 150 mil!
Por mais alarmante que a coisa possa parecer, jamais será comparada a situação de miséria em que muitos vivem no Brasil. A sensação que tenho é que os irlandeses estão migrando da classe alta para a classe média-alta e querem se dar ao luxo (literalmente) de dizer que a recessão, pra eles, é caracterizada pela "violência" - quando um filhinho de papai brinca de roubar o carro da madame.
Não estou aqui sendo a advogada do ladrão... de maneira alguma!
Só defendo que a educação começa em casa - POPULAÇÃO DESTA ILHA, PENSEM NO QUE ESTÁ ACONTECENDO. Onde estavam os pais desse menino nos últimos 25 prósperos anos? Se agora, com a recessão, resolveram cortar a mesada, a alternativa é entrar num carro, gritar "Out of the car, please?!" e sair dirigindo... E isto é violência (moral...)! Fica aqui meu protesto: senhoras dondocas, que agora não vão ao salão semanalmente para retocar a raiz do cabelo: olhem para seus filhos, gastem tempo com eles, expliquem a diferença entre o bem e o mal (não deixem o assunto para a missa de domingo), mostrem que dinheiro foi feito para servir ao homem E não o contrário! Imponham regras e limites (que vão além do "yes, please" ou "no, thank you").
Sabe aquela história do macaco que senta no rabo pra falar do rabo do vizinho???
Comparemos então, a miséria de vida de alguns brasileiros, com a miséria mental de alguns europeus.
E viva a futilidade!!!